Psiquiatria Infância e Adolescência

Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência

Estudos epidemiológicos mostram que muitas crianças referem tristeza intensa. As possíveis características de diferenciação entre tristeza normal e a depressão incluem a gravidade, persistência e a qualidade do humor, isto é, a criança descreve o humor como sendo qualitativamente diferente da tristeza comum.
A depressão na infância e na adolescência é caracterizada por tristeza, perda do prazer e interesse nas atividades diárias, irritabilidade, falta de energia, comprometimento do sono e apetite, perda da concentração e pensamentos negativos. A depressão frequentemente causa grave comprometimento do desempenho escolar e dos relacionamentos familiar e social. Dificuldades para fazer amizades são comuns durante os episódios de depressão e podem preceder e possivelmente precipitar esses episódios.
A prevalência é estimada entre 1 a 2% entre pré-púberes, sem diferença entre os sexos, chegando em torno de 5% em adolescentes com o dobro do número de casos entre o sexo feminino.
O tratamento de primeira linha para depressão leve a moderada é a psicoeducação e psicoterapia. A atividade física também tem efeito terapêutico em depressões leves em adolescentes. A farmacoterapia deve ser a primeira escolha em casos em casos mais graves.

Transtornos de Ansiedade na Infância e Adolescência

A ansiedade é um estado emocional decorrente da percepção de uma ameaça e, por muitos anos, acreditou-se que transtornos de ansiedade fossem raros na infância e adolescência por ter apresentação e curso distintos do quadro no adulto. No entanto, estima-se uma prevalência em torno de 15% nessa população com maior número de casos na população feminina. Os transtornos ansiosos estão entre as doenças de início mais precoce dentro da psiquiatria infantil. O sintoma central dos transtornos ansiosos é a antecipação do medo que envolve a evitação e pode se manifestar por meio de ruminações, preocupações, ansiedade antecipatória ou ainda pensamentos negativos.
Para o tratamento dos transtornos de ansiedade da infância e adolescência, tanto as psicoterapias quando os psicofármacos são eficazes. A Terapia Cognitiva Comportamental é a terapia com maior evidência de eficácia.

Recusa Escolar

Cerca dos 5% dos encaminhamentos para a psiquiatria infantil apresentam recusa em frequentar a escola, associado com ansiedade ou melancolia. A recusa escolar não é um diagnóstico e sim uma queixa apresentada que pode refletir uma série de problemas na criança, família ou sistema escolar como um todo. A criança ou recusa-se a ir para a escola ou volta para a casa antes ou logo depois de chegar lá. Em alguns casos, a criança fala explicitamente que está não quer sair de casa ou não quer frequentar a escola. Em outros casos, a recusa escolar pressupõe um “disfarce somático” sem expressar seus medos abertamente, havendo, ao invés, queixas de dor de cabeça, dor de estômago, mal-estar ou taquicardia antes de sair ou quando chega à escola. A ausência de queixas no fim de semana é uma boa dica de que tais sintomas somáticos estão relacionados ao receio de frequentar a escola. Uma abordagem comportamental de “volta à escola” tem boas chances de ser bem-sucedida quando a recusa em frequentar a escola começou recentemente e foi relativamente repentina. Um rápido retorno ao período completo na escola é muitas vezes possível quando os pais ou responsáveis são persuadidos de que ser consistentemente firmes é o melhor para a criança.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA refere-se a uma condição do neurodesenvolvimento definida por algumas características comportamentais. As principais características clínicas do TEA incluem prejuízos em duas áreas do funcionamento: comunicação social e interação social. E também padrões repetitivos do comportamento, interesse e atividades. Os sintomas estão presentes desde o início do desenvolvimento, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam a capacidade limitada da criança. Os tratamentos disponíveis atualmente podem melhorar muito a qualidade de vida dos portadores do transtorno. Não há cura para o TEA, há uma melhora da condição da criança. As características do TEA incluem:

– Déficit persistente na comunicação social e na integração social em diversos contextos
-Padrões de comportamento, interesses ou atividades restritos e repetitivos, atuais ou observados ao longo da história clínica
-Prejuízo significativo nos aspectos sociais, ocupacionais ou em outras áreas importantes do funcionamento
-Presença de sintomas desde o início do desenvolvimento, por vezes sem manifestar se não houver muita demanda
-Dificuldades não explicadas por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é um dos transtornos mais frequentes na infância e adolescência, afetando cerca de 6% das crianças em idade escolar e 3% dos adolescentes. A maior prevalência é em adolescentes do sexo masculino.
O quadro clínico é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Além da presença de sintomas, para o diagnóstico, é necessário que os sintomas tenham iniciado antes dos 12 anos de idade, que estejam presentes em mais de um ambiente e que causem interferência no funcionamento do paciente ou dos familiares. Frequentemente, as crianças com TDAH apresentam sintomas desde a idade pré-escolar, mas em quadros mais leves, os sintomas podem se tornar evidentes apenas com o aumento das demandas escolares. O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, não existe até o momento nenhum exame ou teste que substitua a avaliação clínica (do médico).
O tratamento do TDAH é multidisciplinar, realizados com psicoterapia e fonoaudiólogo quando necessário. Para o tratamento farmacológico, os psicoestimulantes tem se mostrados as medicações mais efetivas para o tratamento de pacientes com TDAH.